Artigo

Gostava de ser o poeta do teu coração

Num segundo ganha-se o tempo de uma vida como num segundo ganha-se a dor de uma vida por todos os erros estúpidos, por não te poder ouvir de perto, por saber que te perdi, por ter caído num poço sem fundo.

Por entre os braços onde eu só quero estar, onde quero desabafar, onde quero chorar, onde quero sorrir, onde quero ser eu como aprendi a ser.

Grito mas ninguém me ouve. Não estou a exagerar, não quero sufocar, não me deixes escapar por entre os braços onde quero estar. Pode se que te tenha perdido, sei lá...

Por vezes pareço uma criança pequena, canto e escrevo estes textos entre o silencio que me tira tantos, incontáveis, dias da minha vida e me perco em ti.

Não sou poeta, mas só gostava de ser o poeta do teu coração, que nenhum livro que pudesses ler, que nenhum aspirante a poeta imite por breves momentos o que o meu amor consegue fazer, entre milhões de coisas bonitas, por ti e para ti. 

Se fosse fácil falar ou desabafar... Deixa-me escrever-te uma carta de amor.

Escolho as maiores e mais sinceras palavras, que gostava que preenchesse o teu vocabulário, não aqueles estranhas que aprendes em cursos, em livros difíceis de ler, mas as que são escritas com um pó invisível que sai do coração, que um dia fez os meus e os teus olhos brilhar. Queria vê-los novamente juntos e poder escrever novos capítulos na nossa história. Queria que fosse a mais bonita de todas, à tua medida, à medida dos nossos sorrisos verdadeiros quando os olhos se cruzam e não dá para negar.

Todas as minhas palavras escrevem-se involuntariamente, acabando sempre pela metade.

Vejo no horizonte um por do sol cortado, uma pegada metade da minha, muito mais pequena do que a minha marcada no chão, um gosto que dantes não era meu, uma cor especial gravada no céu que dantes passava desapercebida.

Procuro o que sou sem encontrar, visto o casaco, apreçado, para a mesma rotina que não queria que fosse, coloco o relógio mas esqueço-me das horas que marca. Apenas sei que as melhores horas são as que marca este bloco de notas que já leva anos, que tem já páginas amarelas.

Arranjei um selo para esta carta, e por engano quis colocá-lo no teu coração. Será que sentes o valor de cada coisa que sinto?

Nada preenche o vazio que sinto, as saudades serão um reflexo que nada mas mesmo nada poderá quebrar o que sinto por ti. Se um dia chorar e dizer com orgulho que encontrei a metade de mim em ti não será mentira, és uma super mulher.

Fecho o bloco de notas por hoje. Só queria uma manta quentinha cheia do sentimento de conforto, de felicidade, aliado a te ter por perto. E que nesse momento pudesse encher e sentir o teu abraço enquanto tu colocavas a pontuação neste texto para fecharmos este capítulo de hoje. Que todas as vírgulas fossem apagadas por ti e nesse segundo me mostrasses que nada se perde quando o amor existe... Que o tempo não fugisse mais de mim nem de nós, que milhões de frases te fizessem ainda mais sorrir, não por estar no papel mas por as viveres a toda a hora, que te pudesses relembrar. A diferença de um livro para uma história, é que a história é tua e não ficará no livro. Guardo as cartas que me escrevem, guardo até as cartas que não me escrevem. É a magia de um instante que fica eterno guardado em nós. Pensa um bocadinho em mim, em nós, vai ao espelho, eu encontro em cada sorriso quem és...

16 DEZ, 2018 0

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